Uma consulta médica sem sair de casa, usando apenas o celular ou outro dispositivo eletrônico conectado à internet. Impulsionada pela pandemia, a teleconsulta ganhou espaço e passou a ser vista como uma forma de expandir o acesso e oferecer acompanhamento a pacientes das redes públicas e privadas de saúde. Mas a modalidade é mesmo confiável e eficaz?
Estudos em todo o mundo buscam responder a essa pergunta, assim como investigar em que situações deve ou não ser usada. Uma dessas pesquisas investiga a teleconsulta para pacientes com diabetes tipo 2 no sistema público de saúde brasileiro. O trabalho foi conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, como parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) e foi publicado na revista científica The Lancet.
O estudo compara o acompanhamento de pacientes com diabetes tipo 2 por teleconsultas com endocrinologistas com o mesmo tipo de acompanhamento feito presencialmente por esses profissionais. A conclusão é que as teleconsultas se mostraram tão eficazes quanto os encontros presencias.
“É importante ter um estudo que mostre que realmente está comprovado que a teleconsulta é segura. Dá um embasamento para outros profissionais, para médicos que vão fazer a consulta, para gestores de saúde”, diz uma das autoras do estudo, Daniela Rodrigues.
A gerente de pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Rosa Lucchetta, complementa que o estudo não mostra que a teleconsuta é melhor do que a presencial, mas apenas que é também segura.
Telessaúde
No Brasil, o SUS foi pioneiro na implementação da chamada telessaúde, em 2006, com a criação do Programa Telessaúde Brasil Redes. Trata-se de uma das principais estratégias do Programa SUS Digital.
Com a pandemia, o uso de tecnologias passou a ser mais difundido. Em 2022, o Conselho Federal de Medicina (CFM), publicou resolução que define e regulamenta a telemedicina, como forma de serviços médicos mediados por tecnologias de comunicação. “A telemedicina, hoje, é um instrumento de muita importância, dá um acesso a um grupo enorme de pessoas”, diz foi o 1º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes.
Fortes também defende que a telemedicina não deve substituir totalmente os atendimentos presenciais, mas complementá-los. “Tem algumas coisas que a mensuração feita à distância não consegue alcançar, como a cor real do paciente e o odor que o paciente exala. Isso tudo tem importância”, diz e ressalta: “Uma emergência tem que ser atendida nos estabelecimentos assistenciais, nos hospitais”.
Ainda segundo Fortes, a telemedicina não deve substituir a alocação de médicos em áreas remotas. “A gente recomenda que a contratação de médicos dê preferência para esses locais mais distantes e remotos”, defende.