Brasil começa a exigir visto para cidadãos dos EUA, Canadá e Austrália

Os cidadãos com passaporte da Austrália, do Canadá e dos Estados Unidos precisarão de visto para entrar no Brasil a partir dessa quinta-feira (10), quando entra em vigor o decreto do poder Executivo que estabelece a exigência. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a decisão do governo brasileiro foi tomada em maio de 2023 em respeito ao princípio da reciprocidade. A medida ocorre porque nos três países citados não há isenção de vistos aos nacionais brasileiros e “o Brasil não concede isenção unilateral de vistos de visita”. O Itamaraty informou que o governo brasileiro segue negociando acordos de isenção de vistos em bases recíprocas com os países mencionados. Em publicação em uma rede social, o ministro do Turismo, Celso Sabino, reforçou o posicionamento do governo brasileiro. “Seguimos em tratativas para que os EUA isentem os brasileiros da exigência de visto, permitindo a reciprocidade para os norte-americanos que visitam o Brasil.”  Dados do painel de Chegadas de Turistas Internacionais ao Brasil da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), mostram que em 2024, o Brasil recebeu 728.537 turistas dos Estados Unidos, 96.540 vindos do Canadá, e 52.888 turistas da Austrália. Solicitação do visto Os viajantes destes países que chegam ao Brasil por via aérea, marítima ou terrestre, devem solicitar o visto online no site eVisa, com taxa de US$ 80,90, aproximadamente R$ 479. A estada desses visitantes no Brasil não poderá exceder 90 dias. O primeiro passo é preencher o formulário de solicitação de visto e anexar os documentos exigidos, como o passaporte. A solicitação do visto eletrônico deve ser feita com antecedência para evitar interrupções de viagem causadas por atrasos ou conexões perdidas, em caso da falta do visto. Projeto de lei Ao contrário do que estabelece o decreto presidencial, o Senado Federal aprovou, em março deste ano, um projeto de lei que suspende a exigência de vistos para cidadãos da Austrália, do Canadá, dos Estados Unidos e do Japão a partir de 10 de abril. O texto seguiu para apreciação da Câmara dos Deputados e ainda não teve tramitação. O projeto de decreto legislativo aprovado no Senado é de autoria do senador da oposição Carlos Portinho (PL-RJ) e foi relatado por outro parlamentar do mesmo partido, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Apesar de constar no projeto do Senado, o Japão não está mais na lista dos países que exigem visto dos cidadãos brasileiros. Em agosto de 2023, os governos do Brasil e do Japão chegaram a um entendimento para a isenção recíproca de vistos de visita para portadores de passaporte comum que viajem por período de até 90 dias. A isenção entrou em vigor em setembro de 2023 e tem validade de três anos.

Viajar é o maior sonho das mulheres brasileiras de todas as idades, mostra pesquisa

Sonhar acordado é um combustível para movimentar a vida. Com o objetivo de mostrar o modo como as diferentes gerações cultivam seus desejos, o Instituto Think Olga, organização que propõe soluções para as desigualdades de gênero, fez uma pesquisa sobre os principais sonhos da mulher brasileira em parceria com o projeto “Sonhe como uma garota”. Uma das conclusões foi que mulheres de todas as idades e de todas as classes socioeconômicas compartilham um mesmo desejo principal: viajar. Para o levantamento foram entrevistadas, de forma online, 1.080 mulheres brasileiras de diferentes faixas etárias e classes sociais, de todas as regiões do país. Outros sonhos manifestados pelas mulheres são o de conquistar estabilidade financeira, estudar e construir uma carreira. Diretora da organização, Maíra Liguori, tem algumas hipóteses sobre o que seria o motor desse ímpeto maior de conhecer o mundo. “Conversamos com a Adriana Pereira, psicanalista especialista em sonhos, e chegamos à conclusão de que a viagem concretiza muitas coisas”, afirma. A primeira delas é o escapismo, ou seja, a possibilidade de se libertar das amarras e das obrigações de ser quem se é no dia a dia para se expressar em um contexto diferente. “Quem sou eu quando não estou sobrecarregada com o meu contexto?”, diz Liguori. “Às vezes é inclusive um modo de ser ainda mais fiel aos seus verdadeiros desejos.” Foi pela chance de unir viagem e carreira que Rosana Barbosa, até então administradora, decidiu recalcular a rota e entrar na faculdade de turismo aos 53 anos. Hoje, aos 58, ela reúne grupos de mulheres que desejam ter essas mesmas experiências de imersão em outras realidades. “Eu adoro pessoas, e o que eu mais gosto em viagens é de estar com outras culturas. É a experiência, a liberdade, as vivências”, afirma. Um ponto de virada em sua vida, ela diz, aconteceu quando viajou pelo mundo com uma plataforma de turismo voluntário, por meio da qual trocava trabalho por hospedagem, por exemplo. Rosana avalia que as mulheres que a procuram são motivadas principalmente pelo sentimento de independência e empoderamento que viajar traz. “É sair do medo e ir atrás da coragem. Muitas mulheres se sentiam presas e achavam que não podiam realizar esse sonho. A viagem te deixa destemida.” Para ela, viajar também traz autoconhecimento. “Dificilmente alguém volta [de uma viagem] com os mesmos sentimentos e pensamentos.” O desejo das mulheres por liberdade e autonomia é perceptível no mercado de viagens no Brasil, e agências de turismo especializadas em mulheres ainda são importantes e têm seu espaço porque, embora as sociedades tenham avançado, as barreiras de gênero ainda existem. “Viajar, para um homem, é muito diferente do que viajar é para uma mulher. Um homem nunca se pergunta se o lugar para o qual está indo é seguro, quais roupas ele pode usar”, afirma Dandara Degon, fundadora da agência Woman Trip, especializada em viagens para mulheres. “E a viagem em grupo tem um impacto social de ocupação dos lugares por mulheres”, acrescenta. Letticia Gerhardt, fundadora da ViajaGuria, afirma que a agência atende mulheres em diversos momentos da vida e com sede de aproveitar a vida ao máximo. “Chegam mulheres que estão saindo de um relacionamento e querem se redescobrir, mulheres que têm ansiedade social e querem estar em grupo”, conta. Ela diz que fundou a agência com base na paixão por viajar que nutre desde pequena e vê no projeto a realização de um sonho de infância. Concretizar um sonho, contudo, muitas vezes também requer enfrentar as dificuldades impostas pela vida. Ter dinheiro é o segundo maior sonho das brasileiras, e com frequência uma barreira para a realização do sonho de viajar. “A realidade dura da escassez atropela demais os sonhos”, diz Liguori, do Think Olga. Bater de frente com os obstáculos da vida real pode ser frustrante e coloca as necessidades básicas no lugar do sonho, fazendo com que os desejos de fato pareçam cada vez mais distantes. “Quando as mulheres falam da viagem, do dinheiro, da carreira e da família, elas estão falando de liberdade”, conclui.   Fonte: Folha de São Paulo